terça-feira, 23 de maio de 2017

Paraibano ensina a arte do cordel em Ribeirão Preto

Oficinas são realizadas em área do Bosque Fábio Barreto

Aderaldo é doutor e mestre em Ciência da Literatura e autor de obras de cordel (Paulo Amaral / Divulgação)
As rimas ricas, a simplicidade dos versos, a forma lúdica e as xilogravuras fazem da literatura de cordel uma forma poética essencialmente brasileira. Uma arte genuína e com estética única que pode ganhar os currículos escolares.

É com o foco em levar essa arte aos estudantes do Brasil, que o projeto ‘Histórias que Ganham o Mundo’ promove hoje duas oficinas em Ribeirão, com o cordelista paraibano Aderaldo Luciano.
Seja pela falta de conhecimento sobre o assunto ou abordagens superficiais nas escolas, o cordel brasileiro ainda é visto como folclore e não como cultura legítima do país. “Estamos empenhados em reverter esse quadro e fundar um currículo em que o cordel seja protagonista”, diz Aderaldo.

Apesar de lembrar a literatura de cordel portuguesa, o folheto de cordel nordestino tem conteúdo e poética únicos. Arte que surgiu no Brasil no final do século 19, criada pelo poeta Leandro Gomes de Barros, que nasceu no sertão da Paraíba e logo a reproduziu no papel para vender em Recife, após mudar-se para a capital pernambucana.

Nordestina na origem, mas universal nos temas. O amor, a vingança, o ódio, a morte e os problemas políticos são abordados em suas rimas.

E se, no início, eram os poetas populares que produziam os cordéis - embora não pudessem ser designados assim, já que faziam parte de uma elite, em que apenas 5% da população brasileira sabia ler, na época - hoje são os poetas que passaram pelas universidades que continuam mantendo o cordel nos moldes da sua origem.

Aguçar o olhar para saber distinguir essa literatura de outras formas poéticas, é o que os participantes irão aprender nas oficinas de hoje em Ribeirão Preto.  

Tecnologia

Da sua origem dos folhetos vendidos pendurados em barbantes - que se chamavam cordéis -, essa literatura conquistou outros meios. Para Aderaldo, os avanços tecnológicos servem ao cordel como suporte para sua sobrevivência, tanto que já há cordelistas que trabalham com o virtual. “Onde quer que esteja gravado, seja numa pedra, na tela do cinema ou em um HD do computador, ele tem esse diálogo.” Nessa visão, o cordel não é relegado ou esquecido e estará cada vez mais presente nos eventos culturais, ocupando seu lugar, mostrando sua força e conquistando os jovens. “Qual a criança ou adolescente que não gosta de rimar? Nesse sentido se percebe o diálogo muito comum entre o rap e o cordel, entre o funk e o cordel...”, ressalta Aderaldo.

Na oficina, será ensinada a técnica da isogravura (foto: Paulo Amaral / Divulgação)


Doutor do cordel

Aderaldo é doutor e mestre em Ciência da Literatura e autor de obras de cordel. Já debateu essa forma literária em festivais na Europa e participa de projetos Brasil afora ensinando e divulgando o cordel. Apresenta o quadro ‘Cordel De Notícias’ na Rádio Globo.

Serviço

OFICINA DE CORDEL
Quando: Hoje, das 9h30 às 11h30, e das 15h30 às 17h30
Onde: Salão da Casa da Ciência, no Bosque de Ribeirão Preto (rua da Liberdade, s/nº)
Quanto: Grátis - Inscrições pelo e-mail produção@imagini.art.br ou (11) 2866-5923

23/05/2017
A CidadeON/Ribeirão
Valeska Mateus